Persistência


As ondas da manhã
E eu, no meu posto a vê-las.
Timidamente tentam alcançar-me
Mas eu sou mais tímido ainda
E recolho-me prontamente.

A praia, essa está deserta.
Ninguém quer ir à minha praia numa manhã de Janeiro
As ondas, mais persistentes do que a persistência,
Persistem em tentar alcançar-me
Mas agora estou mais longe
Qual cobarde, procurei um sítio ainda mais
Distante da rebentação do Atlântico.

Agora estarei seguro nesta areia branca, luzidia,
Virgem, intocável perante as persistentes ondas
Perco-me nos meus pensamentos imaturos
Sonho com sonhos que não vou realizar e, no entanto,
me farão sonhar tantas mais vezes.

Lembro-me de ti, lembro-me deles – pilares da minha existência vã
Completamente absorto em tudo isto sinto o meu corpo paralisar
ao primeiro toque da água gelada de Janeiro
As ondas apanharam-me no meu recanto secreto, no meu abrigo seguro
No meu posto de vigia
A distância parecia grande, segura, mas as ondas persistentes
Apanharam-me desprevenido…
Não desistiram… nunca!...
Água mole em pedra dura…

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